Conheço vários eletricistas que já não tiram férias há muitos anos.
Eu mesmo, só tirei férias escolares quando estudante.
Quando trabalhei registrado em duas fábricas, na época de tirar os merecidos e legais 30 dias de férias, eu vendia 20 dias e só tirava 10 dias.
Nestes 10 dias, eu trabalhava por conta própria e trabalhava até mais do que na fábrica.
Resumidamente, eu posso dizer que nunca tirei férias.
A minha sorte é que, diferente de milhões de trabalhadores formais, eu trabalho no que gosto.
E fico até impressionado, por ainda me pagarem para fazer o que mais gosto.
Mas, nestes últimos anos, percebo que com a chegada da idade, o corpo já não é o mesmo e a necessidade de um tempo para dar um refrigério à mente e ao espírito se faz necessário.
Importante não confundir com Depressão, embora sejam semelhantes.
O esgotamento está geralmente associado ao estresse do trabalho e ao desgaste mental.
Eletricistas com esgotamento mental apresentam problemas de atenção e o nível de esgotamento pode ser aferido de acordo com o número de lapsos cognitivos que ele tem em um dia, tais como dizer coisas sem pensar, esquecer nomes, esquecer o endereço do primeiro atendimento, esquecer o que almoçou, etc...
A maioria dos eletricistas não assumem que estão esgotados.
Nem eu...
Ou por parecer demonstrar fraqueza ou por estarem muito absorvidos em prover as necessidades materiais da família.
Vou listar alguns sinais que venho observando nestes colegas de profissão e até em mim mesmo.
Tempestade em copo de água.
Quando, mesmo diante da mais simples instalação ou mautenção, se o eletricista se descontrolar, já é um sinal claro de esgotamento.
Cansaço crônico.
Sentir-se exausto é um dos primeiros sintomas do esgotamento.
Não se trata em sentir-se extremamente cansado de vez em quando, mas já acordar cansado e com a sensação de estar carregando 200 Kg nos ombros.
Baixa imunidade.
Nestas situações extremas de estresse, o nosso organismo produz a Adrenalina, porém em excesso ela causa estragos no sistema imunológico.
Com a baixa imunidade, o eletricista tende a ficar doente com mais frequência.
As doenças vão desde os simples resfriados que nunca passam, crises de enxaqueca, dores musculares, dores de estômago e até palpitações no coração.
Sentimento de ineficiência profissional.
O eletricista mentalmente esgotado e pertubado, sente que não consegue atingir seus objetivos na profissão e na vida.
A autoestima fica em baixo nível.
Apatia generalizada.
O eletricista perde o entusiasmo pelo trabalho e se irrita com tudo e com todos facilmente.
Observa que pessoas desqualificadas e desprepadas, como porteiros, faxineiros, João Faz Tudo, Zé Faísca e outros estão invadindo a sua área profissional e atraindo e pegando os seus clientes com o oferecimento de preços muito abaixo da faixa de mercado.
Ele não se sente mais motivação em estudar e investir no seu aperfeiçoamento profissional.
Ele não sente mais motivação no que faz e se contenta em fazer o mínimo.
Muitas vezes, não tem motivação nem para fazer as coisas que gosta...
Perfeccionismo exagerado.
Pesquisas recentes demonstram que os eletricistas perfeccionistas têm um risco maior de esgotamento.
Isso porque o padrão de perfeição criado por eles, supera até as exigências mínimas das Normas Técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o que leva à um desgaste ainda maior.
Este tipo de profissional precisa avaliar com sinceridade se a perfeição é realmente necessária para cada projeto específico.
A resposta geralmente é ¨Não¨.
Sem paradas.
Um tempo para a recuperação física, mental e psicológica é muito importante na prevenção do esgotamento.
É preciso encontrar maneiras de se recuperar durante o trabalho (em pequenos intervalos), mas também após o trabalho (à noite, nos finais de semana, nas férias).
Descanso não é apenas dormir, mas também em dedicar-se à outras diferentes atividades que te dão prazer (uma atividade física, um passeio, um econtro com os amigos, um hobby).
Sálario ou Pagamento.
O dinheiro é um recurso de trabalho muito importante para ajudar a atingir os objetivos pessoais e as despesas mensais.
A expectativa da remuneração que vai receber, motiva o eletricista a fazer o que precisa ser feito.
Mas este não deve ser o único recurso de trabalho.
A alegria e a satisfação decorrentes da atividade do eletricista, são muito importantes (talvez até mais do que o dinheiro).
Entretanto, nem todos os eletricistas têm a oportunidade de trabalhar no setor que gostariam (Predial, Comercial, Industrial).
Mas todos têm a oportunidade de usar seus dons e conhecimentos técnicos, no serviço voluntário.
Este tipo de trabalho não dá um tostão como retorno, mas traz consigo importantes recursos de trabalho como a alegria no serviço, o amor ao próximo e a gratidão.
recursos estes que dão energia para fazer todas as outras coisas e conviver melhor com chefes, colegas de trabalho ou clientes em geral.
O esgotamento tem sido descrito como o maior risco profissional do século XXI.
Fonte:
adaptação do texto de Marilia de andrade Conde Aguiar
Psicologias do Brasil.
E para acalmar a sua elétrica mente, assista este antigo vídeo.
Gilson Eletricista
Flamengo - Rio de Janeiro - Brasil
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